Equipas de Intervenção

As equipas de Intervenção Precoce são geralmente constituídas por:

- Educadores de Infância;
- Psicológos;
- Técnicos de Serviço Social;
- Terapeutas;
- Enfermeiros;
- Médicos.

O primeiro contacto


Antes do primeiro contacto presencial com a equipa, a família preenche, com a ajuda do elemento sinalizador (a pessoa que alertou para a situação de risco), um impresso caracterizando assim a situação e expressando as suas preocupações e o que pensava precisar da equipa de Intervenção Precoce. A partir da informação recolhida, a equipa analisa de uma forma primária a situação, equacionando recursos e profissionais que poderão ser necessários nesta situação específica.
O primeiro contacto presencial (entrevista de reconhecimento, em algumas equipas), é feito normalmente por mais do que um profissional e, sempre que possível, um destes profissionais é escolhido como elo de ligação entre a equipa e a família, de forma a facilitar a  comunicação entre as duas partes. Este elemento será também, juntamente com a família, o responsável pela execução do Plano de Intervenção que vier a ser definido.
Para fazer com que a família se sinta mais acolhida e à vontade num momento emocionalmente difícil, a família poderá contar, sempre que seja possível, com a presença do elemento sinalizador, pessoa mais próxima da família, quer seja uma educadora, médico, etc., que facilitará, nesta etapa, a apresentação da família à equipa e vice-versa.
A equipa dar-lhe-à o espaço e tempo necessários, incentivando-o a falar sobre as suas preocupações, necessidades, expectativas sobre o serviço, receios e tudo o que sentir em relação à situação. Não se preocupe se não conseguir expressar tudo aquilo que queria pois existirão mais encontros e partilhe as suas expectativas em relação ao encontro pois só assim a equipa poderá fazer o seu melhor para adequar os tópicos abordados às suas questões.
Existe sempre o cuidado por parte das equipas de reservarem algum tempo do encontro para se apresentarem, a eles próprios e aos resto da equipa que não está presente, explicando, conforme o tempo disponível com maior ou menor pormenor, os objectivos da equipa/serviço, a constituição da equipa, a organização/funcionamento da equipa e o tipo de trabalho envolvido. Falaram também sobre alguns temas relativos às funções dos técnicos, espaços onde a intervenção decorrerá, a articulação com a comunidade, o planeamento com outros membros da comunidade envolvidos na vida da criança, entre outros.

A Avaliação da Equipa
        A avaliação da criança tem como principais objectivos  encontrar as competências que o seu filho tem nas diversas áreas de desenvolvimento, bem como os aspectos em que este mostra maiores dificuldades e nos quais precisa de mais ajuda.
Juntamente com a família, a equipa decidirá onde essa avaliação irá decorrer:
• no STIP (Serviço técnico de Intervenção Precoce);
• na creche ou jardim-de-infância que ele frequente;
• em sua casa ou no local onde ele passa o dia (casa da avó, da ama, etc.).
        É importante ter em atenção os vários contextos de vida da criança, as suas rotinas, as pessoas com quem tem uma interacção regular, o que se pretende avaliar e por fim, fazer uma avaliação que contemple mais do que um local.
         É importante que partilhe com a equipa informação sobre o seu filho pois é a família que melhor conhece a criança e esta ao não sentir-se à vontade perto de uma pessoa que ainda não conhece, pode comportar-se de forma distinta do que quando se encontra ambiente familiar.
     A avaliação poderá decorrer durante várias sessões, o que poderá originar alguma ansiedade nos pais e por isso a equipa fala um pouco com os pais, para tentar perceber dúvidas que possam existir, esclarecendo-as, tentando assim apaziguar algumas das preocupações. Como a avaliação poderá ter de ser feita em várias sessões, existe outra orientação importante no STIP para combater os seus possíveis níveis de stresse e de preocupação:

Partilha dos Resultados da Avaliação
Os pais podem sentir-se ansiosos devido ao receio do que possam ouvir e caso existam preocupações poderá ser um momento complicado. Por outro lado, pode acontecer os pais ouvirem ouvirem uma coisa satisfatória e ficarem muito aliviados e felizes.
           Num caso em que as notícias possam não ser tão animadoras, a equipa tentará ajudá-lo a perceber que os dados recolhidos, ainda que não animadores, irão ajudar a delinear uma intervenção adequada ao que o seu filho realmente necessita e que o ajude realmente a progredir. É uma forma de ajudar a família a ter esperança num resultado mais positivo no final do percurso.


O Planeamento da Intervenção

“(...) gostaria, e isso há… um intercâmbio entre o trabalho que é efectuado aqui e o trabalho que eu tenho de efectuar em casa. (...) há uma comunicação também e um trabalho que passa daqui para casa”
(Mãe de uma criança com perturbação da relação e da comunicação)

    Os técnicos quererão que se envolva não só nos momentos iniciais e avaliação mas também ao longo de todo o percurso e por isso vão perguntar muitas vezes qual a sua opinião em relação a diversos aspectos da intervenção: o que deseja, o que precisa, o local que prefere para os encontros; portanto, querem saber sempre o que pensa em relação às decisões que se vão tomando em conjunto. Tentarão, inclusivé, usar as suas palavras nos documentos de planeamento desenvolvidos em conjunto. Isto possibilita uma complementariedade de esforços e conjugação de estratégias para a promoção do desenvolvimento da criança.
   No Plano de Intervenção que falaremos no ponto seguinte, ficam registadas as necessidades da criança e as metas a atingir, o papel de cada um dos intervenientes (elementos da família e técnicos) e também quando voltarão a rever o documento.
        Decisões como quem está presente nas reuniões ou encontros, quem assume as tarefas relacionadas com a saúde, educação, o papel e grau de envolvimento dos irmãos, caberão sempre à família. Atendendo a experiências com outras famílias que já receberam este apoio, é evidente que esta colaboração com os técnicos favorece o aumento de competências da família para lidar com a situação em que se encontra e ajuda a fazê-la sentir-se melhor por se sentir apoiada, diminuindo assim o stress originado pela situação.


“(...) consideramos prioritário (...) potenciar, o empowerment, (...) dar visibilidade às competências que (...) as (famílias) têm, portanto (...) reforçar aquelas que já têm (...)”
(Coordenadora do STIP) Complementarmente, este aumento de competências terá de assentar no aumento da informação a transmitir à família, o que lhe permitirá tomar decisões em consciência: “(...) o dar informação às famílias de forma a elas poderem
lutar pelos direitos dos filhos (...)”

(Coordenadora do STIP)

Plano Individual de Intervenção Precoce

“O Plano Individual de Intervenção Precoce (PIIP) (…) consiste na avaliação da criança no seu contexto familiar, bem como na definição de medidas e acções a desenvolver de forma a assegurar um processo adequado de transição entre serviços e instituições. No PIIP devem constar, no mínimo, os seguintes elementos: 
(...)
d) definição da periodicidade da realização das avaliações, realizadas junto das crianças e das respectivas famílias, bem como do desenvolvimento das respectivas capacidades
de adaptação;
e) procedimentos que permitam acompanhar o processo de transição da criança para o contexto educativo formal, nomeadamente o escolar; (...).”


(Dec.-Lei 281/2009)

            Ao longo do tempo e à medida que os técnicos vão conhecendo melhor o seu filho e e que estabelecem com a família uma relação de maior confiança, poderão fazer alterações no PIIP, não só nos objectivos mas também relativamente aos profissionais e serviços que devem ser envolvidos na intervenção ou ainda qual a melhor estrutura educativa para dar resposta às necessidades da criança.
            Este documento deve ser o plano que lhe permite, a si e aos técnicos, terem noção do que deve ser feito para que o apoio resulte e o seu filho faça todos os progressos possíveis. Ou seja, permite aos técnicos e a si perceberem se o plano delineado está realmente a funcionar.
      A avaliação dos resultados da Intervenção Precoce deve ser feita, pelo menos, anualmente e a sua opinião é tão importante como a dos técnicos para se apurar se todas as metar a que se propuseram chegar foram ou não alcançadas, que progressos existiram e que novas metas são necessárias pensar.
            É importante a equipa saber como se sente toda a família com o apoio que está a ser prestado. Existem crianças que fazem muitos progressos, visíveis rapidamente mas também existem situações em que os progressos são muito pouco perceptíveis. A equipa está inteiramente disponível para si e para a sua família caso necessite partilhar os seus sentimentos em relação à intervenção, por isso não hesite em pedir algum tempo para isso mesmo. Este diálogo ajudá-lo-á ou a um membro da família a reunir mais forças para o dia-a-dia e ajudá-lo a continuar.


“As coisas negativas podem ter dois efeitos. Ou a pessoa fica revoltada e não ultrapassa, ficando numa eterna revolta e insatisfação, ou podem ser usadas num sentido construtivo…eu sou optimista…Posso-me ir abaixo mas consigo andar para a frente…
A existência da J. foi uma viragem na minha forma de ver as coisas e ajudar os outros… Acarreta sofrimento para nós e para ela… mas é isso que me move… Não quero mudanças só para ela… O que conseguirmos com a J. vai de certeza ajudar todos os outros.”
(Mãe de uma criança com síndrome de Down)


Fluxograma das situações enviadas para o STIP


Exemplo de uma Intervenção feita:
http://tinyurl.com/88fb8nf

Mapa com os locais onde pode encontrar uma equipa de Intervenção Precoce:


Referência bibliográfica:
Bernardo, A.C., Gronita, J., Pimentel, J.S., Matos, C. & Marques, J. (s.d). Boas Práticas na Intervenção Precoce: Os nossos filhos são… diferentes – Como podem os pais lidar com uma criança com deficiência. Fundação Calouste Gulbenkian: Programa Gulbenkian de Desenvolvimento Humano